Aquele “guru” realmente sabe o que fazer em tempos de corona vírus?

Rodrigo Ferreira

Rodrigo Ferreira

Intelecção | Significância | Estudioso | Input | Relacionamento. Coach de Pontos Fortes, professional coaching, Strategic Mentoring, professor de MBA, Pós-graduado em Psicologia, Liderança e Coaching. 30 anos de experiência em Vendas. Tem ajudado vendedores, gestores e microempresários.

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Você está sentindo medo ou tensão nesses momentos incertos pelos quais estamos passando? Entenda que isso é normal. Cuidado apenas para não cair no papo de certos “gurus” que querem aproveitar-se de sua fragilidade para lucrar com sua dor. Esse artigo apresentará o risco que você corre e como se proteger desses larápios e te dá algumas pistas de como agir nesse momento.

Assuntos abordados no artigo:

Por que é arriscado seguir quem diz que sabe o que você deve fazer nesse momento de quarentena?

Uma coisa tem me incomodado muito nesses dias de quarentena por conta do corona vírus (na verdade assim como você existem várias coisas me incomodando durante esse período sinistro de nossas vidas), a quantidade de lives, vídeos, posts, e-books e afins com os 10 passos (ou cinco ou quinze) para “se dar bem nessa crise”.

Essa situação chegou ao ápice hoje quando o Instagram me mostrou uma propaganda de um certo palestrante de vendas que vai realizar um webinar te ensinando como sair dessa crise melhor do que entrou (ou algo do tipo) e, logo em seguida, vejo um vídeo de um “coach emocional“, sim, exatamente isso que você leu, dizendo que “agora tem um canal no Telegram para dar dicas infalíveis para você vender em tempos de corona vírus”.

Ainda hoje, lendo as notícias do dia (coisa que tenho feito cada vez menos, tenho que confessar), vejo uma matéria dizendo que aproveitadores (gostaria de usar uma palavra mais forte aqui, mas como esse blog é profissional, fiquemos com essa ai) estão enviando uma mensagem para o Whatsapp dos quarentenados com um link falso para a página sobre o auxílio emergencial de R$ 600,00 do governo com o intuito de roubar dados. Tudo isso em meio à maior crise humanitária das últimas gerações.

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Pode parecer que esses dois assuntos não têm relação, mas vamos analisar com um pouco mais de calma.

Será que realmente existe tanta diferença entre golpistas que se aproveitam de uma informação em alta para roubar dados de pessoas que estão sedentas por aquela referida informação e gurus que se aproveitam da fragilidade dessas mesmas pessoas para venderem suas “soluções”?

Você pode me responder que eles não estão vendendo nada. Que as lives são gratuitas. Que eles estão agindo na melhor das intenções.

Desculpe inocente leitor, mas meu aparente ceticismo na verdade vem do conhecimento que feliz ou infelizmente possuo desse mercado e de algumas dessas técnicas utilizadas. Eles sabem muito bem o que estão fazendo. Acredite.

“Mas Rodrigo, você está me dizendo que não existem boas dicas sobre como lidar com situações de crise? Logo você que sempre acreditou no poder de treinamentos e coachings?”

Não é isso o que estou dizendo.

Continuo acreditando nessas e em outras ferramentas de desenvolvimento. A questão é que estamos passando por um momento que se não é inédito na história da humanidade, é inédito pelo menos para todas as pessoas atualmente vivas.

Como poderia, então, um guru desses arrogantemente dizer que sabe o que você deve fazer seja para vender mais ou para liderar melhor ou para sei lá o quê?

É claro que podemos recorrer as consagradas técnicas de vendas ou de liderança por exemplo para ter pistas de possíveis comportamentos eficazes a serem tomados nesse cenário, mas mesmo aquelas técnicas talvez não tenham sido pensadas levando-se em conta um vírus desconhecido, sem um tratamento efetivo por enquanto e que obriga a tomada de medidas extremas nunca antes consideradas por nossa espécie.

E o que fazer então? Que caminho tomar?

Bem, existem dois aspectos a considerar aqui e pretendo tratar de ambos.

O que fazer para lidar com essa crise?

A resposta mais honesta que posso lhe dar é NÃO SEI! E não confie em quem lhe diga algo diferente disso. E não sou só eu, a OMS não sabe. O presidente não sabe. Ninguém sabe.

Contudo alguns aspectos podem servir de pistas para as atitudes mais corretas.

1. Entenda que é normal ter medo e sentir-se perdido em momentos como esses.

É claro que se esse medo te paralisar pode não ser algo bom, apesar de isso ser uma reação não só normal como esperada levando-se em conta nossas características biológicas e evolutivas. Portanto mesmo que sintas medo tente agir. Respire, reze, sei lá, mas passada a reação inicial, pense no que pode (ou deve) ser feito.

2. Procure ajuda sim, mas prefira ajuda de profissionais que estejam dispostos a encontrar a solução junto com você e não por você.

Entenda que possuímos histórias diferentes e realidades distintas, portanto uma mesma solução pode não se encaixar em dois mundos tão dispares.

3. Foque ainda mais em seus talentos.

Se talentos são sua forma natural de sentir, pensar e agir, faz total sentido que em situações limites como a que estamos vivendo seja mais efetivo apoiar-se no que você faz bem.

Além disso esta atitude está totalmente alinhada com a necessidade de que se encontre uma solução personalizada para seus desafios.

Ou seja, descubra seus talentos e pense em formas intencionais e intensas de utilizá-los todos os dias.

Talvez você não tenha ficado satisfeito com essas dicas. Talvez você esteja esperando um passo-a-passo com 10 ações para superar essa crise. Sinto desapontá-lo, mas essa é a desvantagem de ler um blog de um profissional sério que não quer apenas seu suado dinheiro. Quem sabe eu não escreva um livro “As 48 leis milagrosas e comprovadas para ligar o foda-se para o corona vírus e começar a viver”, venda milhares de exemplares, tenha um quadro na CBN, de aulas na PUC e então você passe a acreditar em mim. Não?

E quanto aos picaretas de plantão?

Esse é o segundo aspecto a se considerar: como se proteger desses picaretas que muitas vezes angariam uma legião de seguidores incautos e se escondem atrás de um fama vazia para vomitarem suas regras nunca testadas, seus 7 passos sem qualquer base científica e seus 15 métodos infalíveis que realmente nunca falharam já que nunca foram realmente testados e, com esses disfarces continuam a agir como Jim Joneses do novo milênio que tem levado mais e mais pessoas a, tarde demais, perceberem que seguiram o caminho errado e que, algumas vezes, já não há mais como voltar? Como escapar de seus cantos de sereias?

Poderia te dar várias ideias de como evitar ser pego por esses falsário (e em algum outro post eu pretendo lhe dizer), mas por hora fica uma sugestão: não acredite em quem diz saber o que você deve fazer sem ter ao menos uma ideia das características únicas que fazem você ser quem é: um ser humano único.

Abraços e até o próximo artigo.

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